Há pelo menos 50 anos, especialistas em todo o mundo observam o aumento da mortalidade por doença cardiovascular durante o inverno. A relação entre óbitos e fatores meteorológicos, inclusive com a poluição atmosférica, é acompanhada em diversas cidades do mundo. O clima frio desencadeia doenças cardiovasculares, como acidente vascular cerebral, angina e arritmias cardíacas. Pessoas que apresentam colesterol elevado, hipertensão arterial, diabetes, tabagistas e idosos são as mais vulneráveis.
Segundo o Instituto Nacional de Cardiologia, estudos realizados em diferentes países mostram que, em comparação com as outras estações do ano, durante o inverno, o número de infartos cresce, em média, 30% e os de AVC, 20%. A estimativa é que a cada dez graus de queda na temperatura haja um aumento de 7% no índice de infartos, especialmente quando os termômetros atingem marcas inferiores a 14ºC.
A exposição intensiva ao frio pode acarretar o aumento da pressão sanguínea, enquanto que os níveis de poluição afetam a variabilidade da frequência cardíaca, podendo causar arritmias. Alguns pesquisadores atribuem esse efeito ao número de horas de sol, no inverno e no verão, porém as temperaturas elevadas também são responsáveis por alterações fisiológicas, como um aumento da viscosidade sanguínea pela desidratação e do débito cardíaco, levando à hipotensão e aumento do trabalho cardíaco.
Outro fator que merece atenção é a variação súbita da temperatura. Conhecido como choque térmico, a transição de um ambiente muito aquecido para um lugar mais frio pode desencadear alterações cardíacas. A poluição também é agravante, pois o sistema de defesa do organismo se reduz pela presença das partículas poluentes nas vias respiratórias e pulmão, tornando-o mais suscetível a infecções.
Alguns mecanismos têm sido elucidados, por exemplo, em vigência de uma infecção, o nosso organismo fica em estado maior de inflamação e isto piora a inflamação das placas de aterosclerose, propiciando maior chance de haver rupturas e infarto do miocárdio. Tanto que, ao se vacinar contra a gripe no outono, reduz-se a taxa de infarto no inverno, especialmente nos idosos.
Outra dica é evitar a prática de exercícios ao ar livre se a temperatura estiver abaixo de 14ºC. No entanto, faça frio ou calor, ao primeiro sinal de infarto (dor no peito que irradia para os braços, falta de ar, sudorese abundante são alguns deles) ou de AVC (dormência súbita na face ou nos membros de um lado do corpo, comprometimento da fala e da visão, tontura), a pessoa deve procurar imediatamente assistência médica. Quanto mais depressa for introduzido o tratamento, menores serão os danos provocados por essas doenças e melhor será o processo de recuperação do paciente.