A queda de um avião da companhia aérea VOEPASS em um condomínio de Vinhedo (SP) deixou 62 mortos, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes, na tarde desta sexta-feira (9). A tragédia aérea é a maior do país desde 2007, quando um acidente com um avião da TAM deixou 187 mortos.
Com as duas caixas-pretas da aeronave em mãos, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) segue com as investigações sobre as causas do acidente.
Como o acidente aconteceu?
Imagens obtidas mostram que a aeronave fez um movimento similar a um “parafuso” em direção ao chão por volta das 13h20. A queda aconteceu dentro do condomínio Residencial Recanto Florido, no bairro Capela.
A aeronave atingiu o quintal de uma casa do condomínio, mas os moradores conseguiram escapar sem ferimentos. Luiz Augusto de Oliveira, proprietário do imóvel, contou que a família ficou em choque ao ver o avião “explodindo na garagem”.
Por que o avião caiu?
Ainda não se sabe, mas uma das hipóteses é o acúmulo gelo nas asas, segundo especialistas. Apesar disso, eles são unânimes em afirmar que não existe um fator único que cause um acidente e que ainda é prematuro tirar conclusões a partir dos vídeos ou das informações divulgadas.
Segundo Geraldo Portela, especialista em gerenciamento de risco e segurança, o voo normal dessa aeronave ocorre em uma altitude onde as formações de gelo se concentram, num limite de 15 a 18 mil pés com base no nível do mar.
“Ela pode até voar um pouco mais alto, mas não pode voar igual aos Boeings, que voam até 40 mil pés, que além de ser um motor a jato, voa num local onde não existem tantas nuvens, atmosfera tão forte, igual nesse intervalo de altitude onde esses motores turboélice conduzem esses aviões”.
A VOEPASS afirmou que todos os sistemas operacionais da aeronave estavam em funcionamento no momento da decolagem. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou que não houve comunicado de emergência dos pilotos para os órgãos de controle.
Como era a aeronave?
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o modelo que caiu em Vinhedo, ATR-72-500 da VOEPASS, é turboélice com 74 assentos. A aeronave é fabricada pela ATR, com sede na França, uma das maiores fabricantes de aviação do mundo. Ela estava com a documentação em dia e todos os tripulantes tinham habilitação válida.
De acordo com a fabricante, o ATR-72-500 pode voar com velocidade máxima de 511 km/h. O modelo tem 27 metros de comprimento e de envergadura, além de uma autonomia de voo de 1.324 quilômetros. O peso máximo que o avião pode carregar em serviço é de 7 mil quilos.
O avião tinha 14 anos de fabricação e era de um modelo conhecido no mundo da aviação por sua capacidade de operar em aeroportos de pista curta e de difícil acesso no Brasil e em outras partes do mundo, especialmente na Ásia, onde houve outros acidentes.
Ficha técnica do ATR-72-500 (segundo a fabricante):
·Autonomia de voo: 1.324 km
Como estava o tempo no momento da queda?
Meteorologistas apontaram “áreas de instabilidade” e 35% de formação de gelo nas proximidades do local onde o avião caiu.
De acordo com o Climatempo, no momento exato em que a aeronave estava fazendo a aproximação havia um “forte vento” de cauda - aumentando a velocidade do avião em relação ao solo.
“Estimativas de modelos meteorológicos indicam temperaturas entre −9° a −11 °C na altura correspondente a 500hPa na região de Vinhedo por volta das 13h local”, disse o órgão.
Quais são os próximos passos da investigação?
A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que oficiais do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) estão em posse das duas caixas-pretas do avião.
Militares do Seripa 4, órgão regional do Cenipa em São Paulo, chegaram em Vinhedo no final da tarde e, além de recuperar as caixas pretas, iniciaram os trabalhos de investigação do acidente.
Segundo a FAB, o modelo ATR-72 possui duas caixas-pretas, que serão levadas a Brasília (DF):
·e uma segunda gravava dados da aeronave.
Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) lamentou o acidente e disse que vai monitorar “a prestação do atendimento às vítimas e seus familiares pela empresa, bem como adotando as providências necessárias para averiguação da situação da aeronave e dos tripulantes”.
“A aeronave operada pela Voepass acidentada em Vinhedo (SP) nesta sexta-feira, 9 de agosto, um ATR-72, foi fabricada em 2010 e se encontrava em condição regular para operar, com certificados de matrícula e de aeronavegabilidade válidos. O voo contava com quatro tripulantes a bordo no momento do acidente e todos estavam devidamente licenciados e com as habilitações válidas.
A Anac continua monitorando a prestação do atendimento às vítimas e seus familiares pela empresa. Além disso, a Agência segue no acompanhamento dos desdobramentos das investigações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa)”, disse a Anac.
Já a Polícia Federal instaurou inquérito para investigar o acidente. Um “gabinete de crise” foi montado pela corporação na casa de um morador dentro do condomínio onde houve a tragédia.
O que diz a VOEPASS?
O CEO da Voepass Linhas Aéreas, Eduardo Busch, concedeu entrevista coletiva na noite desta sexta e afirmou que os pilotos eram experientes e que os sistemas operacionais da aeronave estavam todos em funcionamento no momento da decolagem.
Mais cedo, a companhia aérea comunicou em nota que prioriza prestar irrestrita assistência às famílias das vítimas e colabora efetivamente com as autoridades para apuração das causas do acidente.
“A VOEPASS Linhas Aéreas informa que a aeronave PS-VPB, ATR-72, do voo 2283, decolou de CAC sem nenhuma restrição de voo, com todos os seus sistemas aptos para a realização da operação”.
VOEPASS
“A VOEPASS Linhas Aéreas informa a ocorrência de um acidente envolvendo o voo 2283 - avião PS - VPB, nesta terça-feira, dia 09 de agosto, na região de Vinhedo/SP. A aeronave decolou de Cascavel/PR com destino ao Aeroporto de Guarulhos, com 57 passageiros e 4 tripulantes a bordo.
A VOEPASS acionou todos os meios para apoiar os envolvidos. Não há ainda confirmação de como ocorreu o acidente e nem da situação atual das pessoas que estavam a bordo.
A Companhia está prestando, pelo telefone 0800 9419712, disponível 24h, informações a todos os seus passageiros, familiares e colaboradores.
A VOEPASS Linhas Aéreas informa que a aeronave PS-VPB, ATR-72, do voo 2283, decolou de CAC sem nenhuma restrição operacional, com todos os seus sistemas aptos para a realização do voo”.
Força Aérea Brasileira
“A Força Aérea Brasileira (FAB) informa que, por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), foi acionada para atuar na ocorrência da queda da aeronave da Passaredo, de matrícula PTB 2283, registrada na tarde desta sexta-feira (09/08), em Vinhedo (SP).
Investigadores do CENIPA e do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV), órgão regional do Centro, localizados em São Paulo, já estão a caminho para realizar a Ação Inicial da ocorrência”.
Aeroporto de Cascavel
“A gestão do Aeroporto Regional de Cascavel informa que aguarda informações da companhia aérea Passaredo que, no momento, é o único órgão que detém informações oficiais.
Uma operação padrão de emergência regida pela equipe do Aeroporto está em curso para entrar em contato com as famílias de possíveis vítimas.
A aeronave que saiu do Aeroporto Regional de Cascavel com destino a Guarulhos, caiu cidade de Vinhedo, São Paulo, na tarde desta sexta-feira (9)”.
Ministério Portos e Aeroportos
“O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) lamenta profundamente o acidente envolvendo a aeronave com passageiros, ocorrida em Vinhedo-SP, no início da tarde desta sexta-feira (9), e manifesta solidariedade aos familiares e amigos das vítimas.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) está acompanhando a prestação do atendimento aos familiares pela empresa aérea, bem como adota as providências necessárias para averiguação da situação regulamentar da aeronave e dos tripulantes, no âmbito de suas atribuições.
O Governo Federal acompanha ainda os desdobramentos das investigações oficiais sob competência do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa)”.
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