Um incêndio matou quatro pacientes de Covid num hospital em Aracaju.
“Estamos com uma ocorrência gravíssima no hospital. Estamos com um incêndio. Precisamos de todos os médicos que estiverem disponíveis.” O pedido no grupo dos colegas é de um médico desesperado diante da situação.
O atendimento às vítimas foi de forma improvisada, ainda no estacionamento do Hospital Municipal Nestor Piva. Uma força-tarefa foi montada com ambulâncias do Samu, do Corpo de Bombeiros e cedidas por outros hospitais. Enfermeiros e médicos do plantão esticaram o horário. Quem estava de folga, foi ajudar.
“Tudo muito assustador, muita agonia”, contou a enfermeira Anailde Correia Santana.
Os pacientes eram retirados de dentro do hospital e ficavam ali mesmo na calçada, como dava, à espera de ambulância.
A fumaça preta e densa se espalhou rapidamente. Até os socorristas precisaram de atendimento.
“O fogo não foi tão intenso. Na verdade, o que causou maior problema foi a quantidade de fumaça e a temperatura dessa fumaça“, explicou Alexandre Alves, comandante-geral do Corpo de Bombeiros/SE
Parentes angustiados chegavam a todo instante, em busca de notícia.
"Minha tia está aí internada, não sei como está", disse a doméstica Fátima dos Santos.
Todo o prédio foi esvaziado pelos bombeiros; 41 pacientes estavam no hospital na hora do incêndio.
A ala atingida pelo incêndio atendia exclusivamente a pacientes de Covid. Ali deveriam ser feitos apenas atendimento clínico e internações, mas por causa da lotação no sistema de saúde, dez pacientes em estado grave aguardavam na ala por uma transferência para uma UTI em outro hospital.
Entre pacientes e funcionários do hospital, 78 pessoas precisaram ser transferidas para nove unidades de saúde, em Aracaju e no interior. Quatro pacientes morreram.
“Quem vai dizer de maneira muito efetiva é o Corpo de Bombeiros. São eles que vão dar o parecer. São eles que vão apresentar as causas. O que nós queremos é que a verdade venha à tona”, afirmou Edvaldo Nogueira, prefeito de Aracaju.
O hospital vai fechar as portas. Por dia, a unidade atendia, em média, 78 pessoas com sintomas de Covid.
Nesta sexta-feira, em Sergipe, 49 pessoas estão na fila por um leito de UTI na rede pública.
A mãe de Daniele Tavares morreu no incêndio. Dona Elenice tinha 57 anos e estava internada há dois dias com Covid.
“Perdi tudo. O maior bem que eu tinha era minha mãe. Tudo que eu tinha era minha mãe. Então, eu não tenho nada”, disse.
A Secretaria de Saúde de Aracaju disse que o quadro clínico de três pacientes transferidos é grave.
Fonte: Jornal Nacional