Fábricas de rações já começaram a estudar compras de trigo futuro para diminuir o percentual de milho utilizado na fórmula
O mercado futuro do milho registra uma sequência de preços históricos no Brasil e apresenta alta também em Chicago (EUA). Ontem (14), o valor da saca ultrapassou os R$ 104,00, considerando o vencimento para o mês de maio de 2021 negociado na B3, Brasil, Bolsa e Balcão. Já na manhã desta quinta-feira (15), o mesmo vencimento esteve em torno de R$ 101,00 na B3, ainda fortalecido, enquanto, em Chicago, a manhã foi de alívio nas cotações do cereal.
Segundo Sérgio Fontoura da Corretora Renato Agronegócios, associada à Bolsa Brasileira de Mercadorias, as indústrias gaúchas de rações estão com sérios problemas para conseguir pagar os atuais níveis de preços e, por isso, devem reduzir o alojamento de 35% até 40% dos animais e, algumas delas, podem acabar optando por redução de funcionários ou antecipação de férias. “Algumas fábricas e indústrias ligadas ao segmento de aves e suínos já começaram inclusive a negociar compras de trigo futuro para diminuir o percentual de milho utilizado na fórmula", alerta o corretor.
Mercado interno
Enquanto isso, no mercado físico, desde a última segunda-feira (12), o mercado vendedor FOB do milho no Rio Grande do Sul, por exemplo, não baixa dos R$100,00 a saca. A região das Missões foi fortemente muito castigada pela estiagem, o que também impacta nos preços do cereal. Segundo Sérgio Fontoura, para saca de milho no mercado comprador, a indicação é de tentar atingir o patamar de R$ 96,00 (FOB), mas há dificuldades de se chegar a níveis. Já no posto indústria, mercadora CIF, o milho comprador registra uma média de R$ 98,00 na saca. “Com estes preços, o produtor não vende”, resume.
Ainda segundo o corretor gaúcho, os contratos a médio prazo também aparecem extremamente valorizados na B3, o vencimento para janeiro de 2022, por exemplo, já foi cotado a R$ 95,55 esta semana, o que mostra o mercado ainda firme lá na frente.
Com essas bases, tudo contribui para deixar o mercado super aquecido e o efeito é dominó, pois o resultado da alta do cereal, conforme o corretor, será uma diminuição no número de abates de aves e de suínos como uma maneira de reduzir gastos. As indústrias que só trabalham com mercado interno de proteínas são as mais prejudicadas.
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