Jesuítas - O potencial agrícola da região Oeste é reconhecidamente um dos melhores do Paraná, com destaque para a produção de grãos que na safra atual resulta em colheita de quase nove milhões de toneladas. Mas, para chegar a esses resultados, o custo ao agricultor é bem elevado, aponta o levantamento do Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria Estadual de Agricultura.
O Deral avaliou valores cobrados por hectare de área mecanizada em todos os municípios paranaenses de 2005 a 2015. Somente no Oeste, a valorização agrícola chega a 143% em uma década. O valor médio do hectare é de R$ 32,4 mil.
Diferentemente de outras regiões do País, a principal moeda de troca no Oeste é, há muito tempo, a saca de soja. O presidente do Sindicato Rural, Paulo Orso, explica que os preços expressivos das lavouras regionais estão relacionados entre outros fatores às intenções de mercado da oleaginosa.
"Essa escalada [de preços] em dez anos se dá em função do câmbio que, apesar de mundialmente o mercado da soja estar bem abaixo do normal, no Brasil o preço é significativo, passando a ser o valor comercial estabelecido para a aquisição de terras agrícolas", relata Paulo Orso.
Alta supera a casa dos 200% em alguns municípios
As terras agrícolas mais caras do Oeste ficam em Toledo e Nova Santa Rosa, conforme levantamento do Deral. O hectare da área mecanizada custa R$ 40 mil nos dos locais. Há dez anos, o mesmo pedaço de terra valia pouco mais de R$ 16 mil. Nesse período, a valorização do hectare nas duas cidades foi acima de 145%.
Em seguida vem São Miguel do Iguaçu, onde o hectare, que em 2005 era vendido a R$ 12.396, custa atualmente 215% a mais, ou R$ 39.070. O mesmo ocorre em Jesuítas, município de 8,9 mil habitantes, que tem sua agricultura baseada na produção de grãos e frutas. Desde sua colonização, o valor cobrado por hectare sempre esteve acima da média das demais cidades.
Mercado retraído
A crise econômica nacional é responsável por uma série de problemas enfrentados hoje no País. O consumidor, atento a tanta instabilidade e ciente dos riscos, adia investimentos. Essa retração, segundo Paulo Orso, atinge mesmo que de maneira mais tímida a venda de terras agrícolas.
O Paraná